No Brasil, 5% a 8% da população têm diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Os dados são da Associação Brasileira de Déficit de Atenção. Caracterizado por sintomas como desatenção, dificuldade de concentração, impulsividade e agitação, o TDAH é uma neurodivergência que traz desafios e alguns estigmas sociais para os portadores, mas que, ao contrário do que muitos pensam, não é uma condição limitante.
Este mês, data em que é celebrado a Semana Nacional de Conscientização sobre o TDAH, um exemplo de superação vem de Manacapuru, no interior do Amazonas. A estudante de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas, Jarina Franklin, de 26 anos, diagnosticada com a neurodivergência e transtorno de ansiedade, trabalha diariamente para gerenciar as características que exigem dela muito mais atenção para alcançar os seus objetivos.
Jarina está cursando a segunda graduação e, apesar das questões que o TDAH traz, como dificuldade de organização em tarefas simples do dia a dia, o sonho de se tornar médica como o pai, tem sido construído com muita dedicação. Ela diz ter encontrado na Afya um ambiente de acolhimento que faz com que consiga ter o suporte adequado para avançar nos estudos.
“Sou médica veterinária e, na minha primeira graduação, não tive esse acolhimento. Agora, consigo manter minha rotina, participar de atividades externas e atuar no atendimento às comunidades ribeirinhas com segurança e confiança, desenvolvendo os conhecimentos adquiridos na faculdade”, ressalta.
As estratégias de tempo extra, ambiente separado quando precisa e outras ações especiais, ela reforça, não são vantagens frente aos demais alunos, mas sim, uma maneira de acolher o estudante, a partir das suas necessidades, ajudando-o a se desenvolver e se tornar um profissional completo.
Suporte fundamental
Na Afya de Manacapuru, 17 alunos com TDAH recebem acompanhamento especial. Na unidade de Itacoatiara são 13 acadêmicos nessa condição, totalizando 30 pessoas que são acompanhadas, todas superando os seus desafios e seguindo na formação profissional.
Com um olhar humanizado voltado às neurodivergências, as unidades da Afya têm promovido um acolhimento diferenciado aos alunos por meio do Núcleo de Experiência Discente (NED), que conta com equipe multidisciplinar, oferecendo escuta ativa, apoio psicológico e suporte pedagógico. O NED promove oficinas, rodas de conversa e treinamentos para professores e servidores, com foco na empatia e no entendimento das singularidades de quem convive com TDAH, Transtorno do Espectro Autista (TEA), dislexia e ansiedade.
A diretora geral da Afya Manacapuru, Karen Ribeiro, destaca que o trabalho desenvolvido inclui a criação de programas específicos, com mentorias individualizadas, oficinas de gestão do tempo, grupos de apoio e ambientes de estudo adaptados.
Soraia Tatikawa, diretora geral da Afya Itacoatiara, observa que o diagnóstico de TDAH não representa uma limitação, mas uma forma diferente de aprender e interagir. “No NED, buscamos oferecer essas ferramentas ao aluno, para que consiga desenvolver suas habilidades e conhecimentos”, afirma.
Na unidade de Itacoatiara, de acordo com a psicóloga e coordenadora do NED, Shayanne Silva, o Núcleo realiza o mapeamento das necessidades dos alunos e acompanha a elaboração do Plano de Ensino Individualizado (PEI), em parceria com os docentes. “Essas adaptações têm impacto direto no desempenho acadêmico. O rendimento dos alunos melhora substancialmente quando suas demandas são compreendidas e respeitadas”, acrescenta.
Para além do suporte individual, o trabalho do NED também integra setores como Gente e Gestão, garantindo uma atuação ampla na Afya. “Nosso compromisso é formar profissionais preparados para cuidar do outro. Isso começa com o cuidado dentro da própria faculdade”, frisa Shayanne Silva.
A psicóloga do NED em Manacapuru, Clarissa Lima, explica que o TDAH, quando não diagnosticado e acompanhado de forma correta, pode levar a pessoa a não ser compreendida nos ambientes em que frequenta, enfrentar problemas nas relações pessoais, de trabalho e de estudo. “Por isso, a importância do acompanhamento profissional do psiquiatra e psicólogo e do olhar empático da sociedade”, reforça.