Revista Manauara
Economia

Engeco mostra seu legado e visão no coração da Amazônia

Diretores revelam como a trajetória da empresa moldou a paisagem urbana de Manaus, unindo amizade, inovação e resiliência na construção de empreendimentos icônicos

A Engeco, uma das incorporadoras mais respeitadas de Manaus, celebra neste ano quatro décadas de história, repletas de inovação, resiliência e um impacto profundo na paisagem urbana da capital amazonense. Fundada pela amizade e visão de mercado de Porfírio Saldanha e Maury Guerreiro, a empresa transformou sonhos em edifícios que contam a história do crescimento e da modernização da cidade. Em um bate-papo descontraído para o Podcast da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), Papo Imobiliário, os sócios revelam detalhes que fizeram parte da trajetória da empresa.

A gênese da Engeco remonta aos tempos de faculdade, onde a dupla já vislumbrava o potencial de verticalização de Manaus. “Tudo começa com um sonho”, afirma Maury Guerreiro, enfatizando a importância fundamental de sonhar para o empreendedor. Porfírio Saldanha, com sua experiência precoce na construção civil desde a Escola Técnica nos anos 70, complementa a narrativa ao recordar o momento decisivo: o terreno no Vieiralves, propriedade do irmão de Maury. Com a venda de carros e a união de economias, ergueram duas casas geminadas, cujo sucesso selou a parceria e deu origem ao primeiro projeto da Engeco, o Edifício Palmares.

Uma grande inspiração para os fundadores foi Flávio Espírito Santo, figura central na construção de grande parte da Manaus de sua época, que deixou um legado de trabalho e dedicação. Assim como Espírito Santo, a Engeco se lançou em um período de intensa verticalização da cidade, expandindo rapidamente para obras comerciais e industriais, como o galpão da Dular, próximo ao aeroporto.

Maury Guerreiro reflete sobre o início da jornada, apontando uma lacuna na formação universitária da época. “Saí da faculdade com uma grande bagagem de conhecimento técnico, mas sem formação para empreender”, critica, citando a falta de noções de contabilidade, processos e, claro, sistemas informatizados. A Engeco, hoje, é um exemplo de modernização, com controles de almoxarifado e processos altamente informatizados, contrastando com o cenário do passado e reforçando a necessidade de uma educação mais voltada para o empreendedorismo.

A construção civil, como destacam os empresários, é um setor que lida com inúmeras variáveis: da viabilidade financeira e licenciamento à produção, condições climáticas, aspectos jurídicos e as flutuações econômicas. Começando com empreendimentos populares, a Engeco evoluiu, culminando em projetos de alto padrão, como o Vista Del Rio, no bairro Aparecida. Este empreendimento, fruto de uma parceria com a família Abraão, foi lançado estrategicamente durante o Plano Collor, aproveitando as peculiaridades econômicas da época para um escoamento vantajoso.

Porfírio Saldanha recorda os desafios de uma cadeia de produção incipiente em Manaus. A ausência de concreteiras, guindastes e elevadores transformava a construção de obras verticais em um verdadeiro feito da engenharia, levando em média 32 meses para a conclusão. “Copiamos uma forma alemã na época”, conta Porfírio, destacando a capacidade da Engeco de inovar e entregar, enquanto muitas empresas do setor surgiam e desapareciam. Essa resiliência e capacidade de superação foram cruciais para o crescimento sustentável da empresa.

Para Maury Guerreiro, a maturidade da Engeco é uma “fase fantástica”, solidificada pela lealdade de clientes que acompanharam a empresa em todos os momentos. Os empresários abordaram também o problema dos distratos, uma questão que outrora afligiu o mercado imobiliário devido a vendas especulativas. Graças a uma campanha liderada por Maury e por parlamentares, houve uma regulamentação que trouxe segurança jurídica para o incorporador e para o consumidor, evitando o problema do estoque de imóveis.

A Engeco se orgulha de seu “staff” com mais de 20 anos de casa, um testemunho da cultura de estabilidade e valorização profissional. Após a crise, a empresa demonstrou sua força em 2022 com a retomada dos lançamentos. O empreendimento Salvador, lançado em 2023, vendeu quase 70% em apenas 8 meses, seguido pelo sucesso do Botânica Office. As crises, incluindo a pandemia, foram superadas com estratégia e uma visão de longo prazo.

Um ponto de virada notável foi a contratação de um “coach” para a empresa. “Para iniciar uma corrida, precisa se alongar”, metaforiza Maury, descrevendo como a empresa “deu uma arrancada”. A chegada de Alex Mota, gestor de marketing da Engeco e especialista em comunicação e performance, afinou o desempenho do time da casa.

Porfírio Saldanha pontua a complexidade do mercado imobiliário, onde a viabilidade de um empreendimento se baseia em planilhas financeiras rigorosas. A falta de rentabilidade em certos períodos resultou na escassez de lançamentos de médio e alto padrão por cerca de oito anos, período em que muitas empresas importantes saíram de cena. “Não tínhamos reposição, e o mercado de alguma forma entende quando começa a faltar produto”, explica Porfírio, destacando que a Engeco, mesmo diante do cenário desafiador, manteve sua equipe treinada e focada. Empreendimentos como o The Office e o Atmosphere são citados como exemplos de prédios eficientes que demonstraram a capacidade técnica da Engeco.

Ao longo de quatro décadas, a Engeco explorou outros mercados, com sua empresa patrimonial servindo de esteio em tempos de crise. Durante a entrevista, o Botânica foi destacado como exemplo da busca por inovação e bem-estar nos ambientes corporativos. Os empresários explicaram que o empreendimento teve origem em um concurso de projetos arquitetônicos promovido pela Engeco, com o objetivo de desenvolver um espaço alinhado à nova demanda por ambientes de trabalho mais humanos e integrados à natureza — uma tendência que ganhou força após a pandemia.

Maury Guerreiro descreve o Botânica como um acerto monumental. O projeto, que já iniciou o crescimento das plantas em sua fachada, busca ser um oásis de bem-estar. “O prédio não está só no canteiro de obra; o crescimento das plantas já iniciou, e quando ficar pronto já receberá as plantas na fachada”, detalha Maury. Porfírio Saldanha acrescenta que o Botânica será o primeiro edifício no Brasil com um lounge em cada andar, característica que tem gerado grande repercussão e valorização na área. No Botânica, diferente dos escritórios tradicionais, será possível ter a visão do dia, e um anfiteatro no térreo complementará a experiência.

A Engeco é, nas palavras de Porfírio, uma empresa de tecnologia. Ao longo de seus 40 anos, sempre buscou as melhores práticas. Poucos sabem, mas a Engeco construiu o primeiro edifício vertical em concreto celular do Brasil, o Edifício Barão do Rio Negro, seguido pelo Manaus Park e o Edifício Castelo. “Todos esses edifícios foram o estado da arte de engenharia da época”, afirma Porfírio. Viagens à Alemanha e convênios com empresas especializadas em concreto celular foram cruciais para essa inovação, com Porfírio tendo a oportunidade de palestrar para engenheiros de todo o Brasil.

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais