A mudança na faixa etária de acesso aos exames deve-se ao aumento dos casos da doença em mulheres mais jovens
Como parte da campanha Outubro Rosa, a Afya Educação Médica chama a atenção para as novas medidas de controle do câncer de mama, estabelecidas pelo Ministério da Saúde (MS), diante do aumento dos casos da doença em mulheres mais jovens. A partir de agora, a recomendação é para que os exames de prevenção sejam realizados a partir de 40 anos, e não mais aos 50, mesmo sem sinais ou sintomas do tumor.
A revisão reflete a necessidade de uma atenção especial ao público mais jovem. A faixa etária de 40 a 49 anos já concentra 23% dos casos da doença e a detecção precoce é importante para antecipar o tratamento, salvando mais vidas, alerta a ginecologista obstetra Ana Paula Oliveira, professora da Afya Educação Médica, instituição de pós-graduação, em Manaus.
A mudança, diz ela, representa um avanço significativo na prevenção e está em sintonia com o que vinha sendo defendido pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
“Essa nova diretriz confirma o que observamos na prática clínica: que há um número expressivo de tumores agressivos em mulheres a partir dos 40 anos”, explica a professora da Afya Manaus. “O rastreamento precoce é uma ferramenta essencial para aumentar as chances de cura e reduzir a mortalidade”, reforça, ressaltando que os procedimentos devem sempre ter o acompanhamento médico.
A atualização do protocolo, segundo ela, representa uma mudança importante em relação à recomendação anterior do Sistema Único de Saúde (SUS), que previa a mamografia entre 50 a 69 anos, a cada dois anos. “Agora, mulheres de 40 a 49 anos passam também a ter acesso garantido aos exames, ainda que sem a obrigatoriedade do rastreamento bienal. Entre 50 e 74 anos, o exame deve continuar sendo realizado a cada dois anos, como parte da política de rastreamento populacional. Acima dessa faixa etária, a decisão deve ser individualizada, conforme a condição clínica e a expectativa de vida de cada paciente”, observou.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Amazonas deve registrar cerca de 650 novos casos da doença em 2025, reforçando a importância de políticas de monitoramento, capacitação profissional e atualização científica contínua, de acordo com Ana Paula Oliveira. A incorporação dessas recomendações ao sistema público e privado de saúde, na sua avaliação, tende a aumentar a taxa de detecção em estágios iniciais, quando o tratamento apresenta maior eficácia e menores impactos físicos e emocionais.
Tecnologia a favor do diagnóstico
O avanço tecnológico, na opinião da ultrassonografista Ana Carolina Barros, também professora da Afya Manaus, tem desempenhado papel decisivo no diagnóstico precoce, embora alguns serviços ainda não estejam disponíveis no SUS.
A professora do curso de pós-graduação da Afya em Ultrassonografia, cita, por exemplo, a mamografia digital com tomossíntese, em 3D, que vem se mostrando mais eficaz que o modelo 2D convencional. O método aumenta a identificação de cânceres invasivos e reduz a necessidade de exames complementares, diminuindo a ocorrência de falsos positivos.
“A mamografia 3D é especialmente relevante para mulheres com mamas densas, condição comum, que pode dificultar a visualização de pequenas lesões no exame tradicional”, explica. “Quando associada ao ultrassom, a precisão diagnóstica se torna ainda maior, contribuindo para decisões clínicas mais seguras e tratamentos mais assertivos”, complementa.
A escolha da melhor estratégia de rastreamento, ela destaca, deve considerar o histórico familiar, a densidade mamária e a presença de mutações genéticas, sempre em diálogo entre paciente e equipe médica.